Tens que me explicar amigo Barack...

Há cerca de dois meses alguém me dizia: “Pouco me importa a definição da política económica dos candidatos. Isso é coisa para os americanos analisarem. Quero, isso sim, ouvi-los falar de Política Externa”.

Este é daqueles casos em que o céu cai em cima do orador. Apetece perguntar: “E agora?” E agora ninguém quer saber da Política Externa, nem cá, nem lá. Não só porque aí o campo está bem delimitado mas, sobretudo, porque o mundo percebeu que uma gripe nos Estados Unidos significa, de facto, uma pneumonia mundial. “É economia, estúpido!”

Por isso, Obama aproveitou o dia de ontem no Ohio – estado onde as sondagens revelam um empate técnico – para apresentar um pacote de medidas para ajudar as famílias e proteger os empregos. Assim, sugeriu um crédito fiscal temporário de 3 mil dólares às empresas por cada novo posto de trabalho criado, uma moratória de 90 dias na execução de hipotecas de proprietários que estão dispostos a pagar a dívida, e um apelo ao Tesouro [Ministério das Finanças] para descongelar o mercado das hipotecas individuais, empréstimos para estudantes, empréstimos para compra de carro, etc.

Contas feitas, todas as propostas que Obama já apresentou para estimular a economia custariam ao Orçamento Federal, nos próximos dois anos, 175 mil milhões de dólares. Isto sem contabilizar o custo da reforma do sistema de Saúde. E aqui está a pergunta que um apoiante de Obama não deveria fazer: Como é que é possível avançar com tudo isso sem aumentar impostos e sem fazer disparar a dívida? A manta é curta!