terça-feira, 7 de outubro de 2008

Reflexões vs. devaneios

Idealista.

Desde sempre.

Esse mesmo idealismo levou-me sempre, em toda a minha vida, a ser opinativa e activa no meio em que me inseria. Na escola apontava o dedo ao que não estava certo, movia-me sempre que podia para ver algo a mudar para melhor.

Nunca me resignava à ditadura do costume. Aprendi, depressa, que em quase todos os meios o costume reinava, e nada sofria mutação devido a essa coisa tão fatal como o costume.

Aprendi que o fado português era muito mais do que uma estilo musical enraizado nos bairros típicos. Depois de ler Camões, de me fascinar com Pessoa, percebi que o fado português era uma enorme parede que separava os portugueses dos seus sonhos.

Refutei o rótulo de sonhadora, preferi assumir-me como idealista. Tentei dar espaço às minhas reflexões partilhando-as com outros que aspiravam mudar algo. Não sei se foi por isso que passei a militar num partido, plural por natureza.

A minha militância sempre pautou pelas convicções, essa coisa tão nobre, mas rapidamente percebi que era pouco apreciada. Afastei-me para mais tarde voltar a aproximar-me num espaço de formação política e cívica do melhor que se faz neste país: a Universidade de Verão organizada pelo Instituto Sá Carneiro, PSD e JSD.

Saí de lá com a alma reforçada, por ter provado o meu valor. Fundei, juntamente com outros, um espaço de discussão com nível chamado Psicolaranja. Era assim que gostava de estar na política, reflectindo.

Mas como gosto de dizer, as convicções e reflexões dos idealistas fazem sentido com os amigos que fazemos nesse meio.Mas, quando estes, por este ou aquele motivo, deixam de ser amigos, devido a essa tendência maniqueísta do "nós e os outros", deixam de ser reflexões de uma idealista para passarem a ser devaneios de uma sonhadora.

Tudo isto leva a um descontentamento generalizado. Porque quando vemos alguém sonhador, achamos que é doido.

Obama é por isso uma tremenda inspiração para o moderno sistema político ocidental. A política faz sentido quando as pessoas se emocionam.

Enquanto isso não for assimilado, teremos que nos contentar com políticos medíocres a fazerem política medíocre.

2 comentários:

Kokas disse...

Sempre achei que estavas deslocada no meio de tanto conservador!

Astor disse...

Enquanto isso não for assimilado, teremos que nos contentar com políticos medíocres a fazerem política medíocre num país medíocre.